Levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), baseado nos dados da RAIS 2015, do Ministério do Trabalho, mostra que o varejo empregou 7,92 milhões de pessoas no ano passado. O número reflete uma queda de 2,1% ante 2014 e equivale ao corte de 171.969 postos de trabalho. A análise destaca a redução de vagas entre jovens e o aumento das contratações de trabalhadores acima dos 50 anos. “Desde 1992, esse foi o primeiro recuo e reflete toda a crise do setor, que teve seu pior ano em volume de vendas em 2015. Historicamente, o emprego dos jovens é o mais vulnerável em momentos de recessão econômica”, aponta o economista da CNC, Bruno Fernandes.
Segmentos varejistas que tiveram um desempenho fraco nas vendas também foram os que mais demitiram: comércio de veículos automotores (-10,6%, com -30,5 mil vagas); equipamentos de informática e comunicação (-6,7%, com -62,8 mil vagas) e comércio, manutenção e reparação de motocicletas, peças e acessórios (-5,7%, com -5,1 mil vagas).
Geograficamente, o estado que mais enxugou o quadro de funcionários no varejo foi São Paulo, que deixou de empregar 61.524 mil pessoas no setor (-2,7%). Proporcionalmente, foi o Amapá, que cortou -5,9%, que correspondem a -1.413 vagas. Apenas seis estados contratam mais do que demitiram: Ceará, Tocantins, Amazonas, Roraima, Maranhão e Piauí.
Os estabelecimentos médios e grandes, que empregam mais de 50 pessoas, foram os mais afetados pela crise no setor e cortaram 103,5 mil vagas (5,3%). Com isso, os micro e pequenos empreendimentos, mesmo reduzindo o quadro de funcionários, aumentaram ainda mais sua representatividade dentro do varejo brasileiro: passaram de 75,7% em 2014 para 76,5% em 2015.
Perfil
Do total das vagas cortadas no varejo, 91,6% foram de jovens de até 24 anos, o que corresponde a 157,6 mil postos. Com isso, a representatividade desta faixa etária no setor caiu de 36,7% em 2002 para apenas 27,9%.
Por outro lado, foram geradas 27,8 mil novas oportunidades para trabalhadores acima dos 50 anos. Esse resultado, aliado à tendência de envelhecimento do mercado de trabalho, contribuiu para aumentar a fatia desse público no varejo de 4,9% para 9,4%, nos últimos 13 anos.
Do ponto de vista da remuneração média, na comparação com 2014, os maiores cortes foram nas faixas de renda entre 10 a 20 salários mínimo (-10,3%), seguidos de 5 a 10 salários mínimos (-9,5%) e acima de 20 salários mínimos (-7,4). Do total de cortes no varejo, 99,5% (que correspondem a 170,9 mil postos de trabalho), foram de trabalhadores com escolaridade inferior ao nível médio completo.
Os vendedores, que representam 33,9% da força de trabalho no setor, perderam 33,7 mil vagas em 2015. As profissões mais atingidas foram auxiliares administrativos, com corte de 7,1% de vagas, (45,8 mil empregos), gerentes de operações, com corte de 5% (8,6 mil empregos) e motoristas de veículos de cargas em geral, com redução de 2,8% (quase 4 mil).
Fonte: CNC