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Greve dos bancos influencia no endividamento

Assessoria de Comunicação

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06/10/2016 13h10 - Atualizado
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EndividamentoA Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) em parceria com a Federação do Comércio do Maranhão (Fecomércio), apontou para um percentual total de endividados em São Luís de 69,9% no mês de setembro, indicando um aumento de 3,40% no nível de endividamento dos ludovicenses em relação ao mês anterior e avanço de 3,25% em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados representam um rompimento sazonal na tendência de queda mensal do índice de endividamento observado desde o mês de julho deste ano.

Analisando o nível de comprometimento da renda dos consumidores com o endividamento com cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros, a pesquisa revelou que 44,7% das famílias ludovicenses se consideram mais ou menos endividadas ou muito endividadas, enquanto 25,2% se declaram pouco endividados e 30% dizem não possuir dívidas deste tipo.

“Entre outros fatores, o aumento do endividamento neste momento e, consequentemente, a ruptura da tendência de redução das dívidas observadas nos últimos meses estão ligados diretamente à crise gerada pela greve da rede bancária, que restringe a circulação do dinheiro e dificulta o pagamento dos compromissos financeiros. Ou seja, neste período, o aumento do endividamento não está ligado ao aumento do consumo das famílias”, explica o economista da Fecomércio, Eduardo Campos.

Dentre os principais tipos de dívida, a pesquisa demonstra que o cartão de crédito representa 74,2% das dívidas atuais dos consumidores de São Luís, seguido pelos carnês (12,3%), crédito pessoal (6,8%), financiamento de automóveis (5,5%) e financiamentos de imóveis (4,1%).

Em comparação ao mês anterior, o nível de endividamento com cartão de crédito e carnês recuaram, respectivamente, 0,40% e 2,38%, enquanto as dívidas com crédito pessoal praticamente dobraram na variação mensal com avanço 94,29%. As dívidas com financiamento de carro também aumentaram 5,77% em relação ao mês anterior, enquanto as dívidas com financiamento da casa reduziram 8,89% em relação a agosto. Já o crédito consignado alcançou apenas 1,8% do nível de endividamento atual dos consumidores ludovicenses.

“Diante das poucas opções de crédito em um momento de retração econômica, os consumidores tendem a optar por captação de recursos com as menores taxas de juros possíveis, sendo que o crédito pessoal apresenta este perfil de taxas de juros mais baixas e parcelamento em prazos mais largos. Por outro lado, as dívidas com crédito consignado sofreram forte redução em função da fragilidade atual do mercado de trabalho, já que o pagamento dessa modalidade de crédito se dá mediante desconto em folha salarial e, com isso, dificulta a captação de recurso por essa via de crédito”, analisa o especialista Eduardo Campos.

Inadimplência

Dentre os consumidores que se consideram endividados, a pesquisa também analisou aqueles que possuem contas em atraso e, por isso, são considerados inadimplentes. Segundo o estudo, 43,1% das famílias ludovicenses endividadas indicaram ter alguma dívida em atraso, representando um aumento de 0,23% em comparação ao mês anterior. No total da população de São Luís, o índice de inadimplência é de 30,2% para o mês de setembro, que representa um avanço de 3,78% na comparação mensal e de 1,0% em relação ao mesmo período do ano passado.

O levantamento avaliou ainda as condições dos consumidores para o pagamento das dívidas em atraso, indicando que 13,8% das famílias ludovicenses não conseguirão quitar seus débitos atrasados e, portanto, deverão permanecer inadimplentes no mês seguinte. Na composição desse índice, a pesquisa demonstrou que, entre os consumidores que possuem contas em atraso, 45,9% das famílias afirmam que não terão condições de pagar suas dívidas, 25,8% indicam que terão condição de pagar parcialmente e 27,4% afirmam que pagarão totalmente suas contas atrasadas no próximo mês.

Entre as famílias que declararam possuir dívidas em atraso, a pesquisa indica que o tempo médio da conta em atraso é de 56 dias. Na composição do índice, 31,5% dos consumidores afirmam possuir dívidas em atraso de até 30 dias, conferindo uma redução de 18,6% das famílias com dívidas em atraso por esse tempo. No entanto, o levantamento apresentou tênue deterioração em prazos superiores a 30 dias, uma vez que 29,9% dos consumidores indicaram ter algum tipo de conta com pagamento atrasado entre 30 e 90 dias e 37% dos consumidores indicaram ter algum tipo de dívida em atraso em período superior a 90 dias. Respectivamente, constataram-se aumentos de 19,12% e de 4,82% no nível de contas atrasadas por esses períodos na comparação com os números do mês anterior.

“Neste ponto, observa-se o elevado comprometimento do equilíbrio orçamentário do consumidor, com efeito real sobre a redução de seu consumo privado e de bens de consumo duráveis, derivado da tentativa do consumidor em preservar sua capacidade de pagamento em níveis que não comprometam sua evolução futura de rendimentos”, pontua Eduardo Campos.

Comprometimento

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor avaliou também, dentro os consumidores que declararam estarem endividados, o tempo de comprometimento das famílias ludovicenses com essas dívidas. Nesse levantamento, 37,4% dos entrevistados demonstraram comprometimento com dívidas pelos próximos 3 meses, enquanto que 31% das famílias indicaram comprometimento com as dívidas no prazo de 3 a 6 meses, 12,3% dos consumidores indicaram o comprometimento com dívidas no prazo de 6 meses a 1 ano e 15,2% apresentaram o comprometimento com dívidas no prazo superior a 1 ano. Com isso, o tempo médio de comprometimento com as contas é de 5,1 meses.

Em relação ao mês de agosto, o comprometimento por até 3 meses avançou 3,89%, já o período de 3 a 6 meses recuou 6,06%, aqueles comprometidos com as dívidas de 6 meses a 1 anos cresceu 1,65%, assim como o tempo de comprometimento superior a 1 anos que avançou 1,33%.

“O alongamento do prazo para pagamento de dívidas é uma alternativa encontrada pelo consumidor para maximizar o uso de sua renda atual para o pagamento de seus compromissos, porém, como os juros se encontram elevados, as condições em que estes prazos são contratados se apresentam desvantajosos e consomem recursos da renda familiar, que migram da possibilidade do consumo para a certeza do pagamento de juros elevados”, orienta o economista da Fecomércio.

Outro aspecto importante que a pesquisa apresenta é o nível da renda do consumidor comprometida com as dívidas. De acordo com o estudo, considerando o total da renda familiar mensal comprometida com dívidas como cheque pré-datado, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóvel e prestação de carro e seguro, 18,9% dos entrevistados apresentam até 10% da renda mensal direcionada para as dívidas, enquanto 64,7% indicaram comprometimento da renda de 11% a 50% e 13,6% indicaram ter mais de 50% da renda destinada às contas. Nessa perspectiva, a pesquisa mensurou que a parcela média mensal da renda do consumidor comprometida com as dívidas é de 29,2%.