Levantamento realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA), em parceria com o Sebrae, indica que pelo menos 7 em cada 10 consumidores ludovicenses estão dispostos a ir às compras em função do Natal deste ano na capital maranhense. A pesquisa revelou que 72,7% dos consumidores pretendem comprar pelo menos um produto para presentear neste final ano. Apesar do índice expressivo, na comparação com o mesmo período do ano passado os dados indicam para uma retração no consumo, apresentando redução de -8,09% nas intenções de compras.
O presidente em exercício da Fecomércio-MA, Marcelino Ramos Araújo, explica que o ano de 2016 começou sob forte impacto da crise econômica, sob as incertezas no cenário político federal, ameaça da inflação crescente e avanço dos níveis de desemprego da população. No entanto, após um longo processo de impeachment e a consolidação de um novo governo liderado pelo presidente Michel Temer, a economia começou a dar sinais de estabilização e retomada da confiança dos consumidores e empresários. Com isso, vai chegando ao final do ano com índices econômicos em recuperação gradual, mas constantes, principalmente no que se refere ao controle da inflação e o nível de endividamento. Com isso, Marcelino Araújo acredita que, embora se tenha uma possível queda do consumo na comparação anual, o Natal vai ser um importante estímulo para o comércio recuperar receitas reprimidas ao longo do ano.
“As festividades de fim de ano possuem um forte apelo emocional para as famílias, pois é um momento de confraternização e de troca de presentes. Apesar de 2016 ter sido um ano bastante difícil para os brasileiros, esse apelo emotivo da data é muito importante para motivar as vendas no comércio nesse período. Os números negativos estão recuando gradativamente e, com isso, já podemos prever que as vendas natalinas serão um trampolim para os comerciantes iniciarem 2017 com muito mais otimismo e novas perspectivas de investimentos”, analisa o presidente Marcelino Ramos Araújo.
Produtos
De acordo com a pesquisa desenvolvida pela Fecomércio em parceria com o Sebrae, 18,8% dos entrevistados demonstraram interesse em comprar apenas um produto, 29,4% afirmaram que devem comprar até dois produtos, 22,7% comprar três produtos, 9,2% comprar quatro produtos e 19,8% comprar cinco ou mais produtos. A lista de produtos mais citados pelos consumidores para o Natal deste ano em São Luís é encabeçada por itens de vestuário com 60,7% de intenção de consumo e brinquedos com 31,6%. Os dois tipos de produtos que lideram a preferência do consumidor registraram, respectivamente, reduções de -1,94% e -8,14% nas intenções de compra em relação ao ano passado.
Também aparecem nas escolhas dos consumidores neste ano os itens calçados/cintos/bolsas com 22,2%, perfumaria e cosméticos com 8,2%, livros com 3,7%, artigos de cama, mesa e banho com 3,4%, joias e relógios com 3,3%, celular/smartphone com 1,3% e aparelho de som e imagem (televisão, aparelho de DVD) com 1,2%. Outros produtos que também foram citados, mas não alcançaram 1% da preferência dos consumidores neste ano, foram viagem (0,7%), artigos esportivos (0,7%), chocolates/bombons (0,7%), cesta natalina (0,7%), videogame (0,5%), eletrodomésticos como fogão/geladeira/micro-ondas (0,5%), bebidas como vinho/champanhe/whisky (0,4,%), bicicleta (0,3%), patins/patinetes/skate (0,2%), CD’s/DVD’s (0,1%), tablet (0,1%). Outros produtos não especificados somaram 6,1%.
O consultor econômico da Fecomércio-MA, Eduardo Campos, sugere que as compras este ano deverão se concentrar em artigos com valores mais baixos. “Observa-se que o segmento de vestuário segue sendo o preferido pelos consumidores, mas nota-se a queda de preferência na comparação ao ano anterior em inúmeros outros artigos devido à necessidade do consumidor em optar por itens com valores menores, possibilitando ao consumidor um volume maior de compras para presentear um número maior de pessoas”, analisa o especialista. “Portanto, a oportunidade de investimento no setor varejista deve se concentrar na massificação de artigos de menor valor agregado, com a maior variedade possível, para elevar a receita nominal de vendas a partir de um volume maior de vendas de produtos”, conclui Eduardo Campos.
Gastos
Entre os consumidores que irão às compras e/ou irão comemorar a data, a faixa de valores mais citada para os gastos nesse período ficou situada em mais de R$ 400 reais, indicada por 31,9% dos entrevistados, seguida pela faixa de R$ 151 a R$ 200 reais apontada por 17,0% e pela faixa de R$ 251 a R$ 300 reais com 14,5%. Outros valores que também foram citados pelos consumidores foram de R$ 51 até R$100 reais (13,5%), de R$ 101 a R$ 150 reais (8,5%), de até R$ 50 reais (6,6%), de R$ 201 a R$ 250 reais (3,7%), de R$ 351 a R$ 400 reais (3,2%) e de R$ 301 a R$ 350 reais (1,2%).
A média do valor do presente pretendido pelo consumidor este ano foi calculado em R$ 125 reais, enquanto a média do valor total da compra, considerando os gastos com a comemoração e aqueles que irão comprar mais de um produto para presentear, foi calculado em R$ 327 reais. Esses valores médios do presente e da compra, quando comparado ao ano passado, registraram reduções percentuais de -8,8% e de -8,1%, respectivamente, indicando uma tendência de queda relativa no consumo.
O consultor econômico Eduardo Campos lembra que há uma importante contribuição para o desempenho do comércio neste Natal dada pela entrada do 13º salário na economia, onde se estima que até dezembro sejam injetados 196,7 bilhões na economia brasileira. Este montante representa aproximadamente 3% do PIB do país e será pago aos trabalhadores do mercado formal, empregados domésticos, beneficiários da previdência social, aposentados de pensão da união, estados e municípios. Aproximadamente 84 milhões de brasileiros serão beneficiados com um rendimento adicional, em média, de R$ 2.192,00. “Esta injeção de recursos favorece o aumento da circulação de dinheiro na economia e possibilita o aumento de investimento na atividade varejista por aquele empresário que deseja ampliar sua fatia de mercado, aumentar seus lucros e repor perdas oriundas do processo recessivo pelo qual passou a economia brasileira nestes últimos dois anos”, analisar o economista.
Pagamentos e onde comprar
A forma de pagamento preferida pelos consumidores para o Natal deste ano continua sendo a modalidade de pagamento à vista em dinheiro, que registrou 53,2% da indicação entre os entrevistados, já 38,8% optaram pelo uso do cartão de crédito, 19,7% definiram que devem utilizar o cartão de débito e 0,9% pelo uso de carnês/crediário em lojas como modalidade de pagamento. Em relação ao ano passado, a preferência pelo pagamento à vista em dinheiro aumentou 22,6% e pelo cartão de débito avançou 2,1%, enquanto a tendência pelo uso do cartão de crédito reduziu -23,0%.
“Nesses dados identifica-se uma boa oportunidade para os lojistas em captarem maiores recursos de entrada em seu caixa por vendas realizadas à vista com dinheiro durante as vendas do fim de ano, muito em face da percepção do cliente com relação aos juros praticados na modalidade do cartão de crédito que tradicionalmente se destaca como preferência em datas festivas do comércio”, pondera Eduardo Campos.
Quanto aos locais em que os consumidores pretendem comprar os presentes para o Natal, 44,5% apontam a preferência pelas lojas dos Shoppings Centers, seguida pelas lojas do Centro Comercial com 40,1%, lojas de rua, bairro e galerias com 15,5%, supermercados/hipermercados com 7,0%, internet com 1,5%, catálogo com 0,8%, lojas de departamentos com 0,4% e comércio informal no Centro/camelôs com 0,3% da preferência do consumidor.
Em relação ao ano passado, as lojas dos Shoppings experimentaram uma retração de -25,1% nas intenções de compras, enquanto as lojas do Centro Comercial apresentaram uma elevação de +35,5% nas indicações dos ludovicenses, assim como as lojas de rua, bairro e galerias que também avançaram +27,5% na preferência dos consumidores para o Natal deste ano. Segundo a Fecomércio-MA, entre os fatores que influenciam nessa decisão está a percepção do consumidor com relação aos preços praticados nesses diferentes locais, uma vez que parte do poder de compra da população ainda se encontra deteriorado pela inflação, pelo encolhimento do mercado de trabalho e pelo endividamento corrente.
Mais
A pesquisa entrevistou 700 pessoas na capital maranhense entre homens e mulheres com mais de 18 anos nos principais pontos de circulação de consumidores na cidade. A margem de erro da amostra é de 3,7% e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.