Endividamento recua, mas inadimplência avança em São Luís
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio) em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), aponta que 74,4% das famílias de São Luís possuem algum tipo de dívida no mês de junho, o que revela uma queda de -1,8% na comparação mensal. Já a inadimplência, que considera apenas aqueles consumidores com dívidas em atraso, alcançou 32,9% das famílias ludovicenses, avançando 2,4% em relação ao mês anterior.
Esse foi o segundo mês consecutivo de queda do nível de endividamento em São Luís. Por outro lado, foi o terceiro mês de elevação do nível de inadimplência na capital. De acordo com a Fecomércio-MA, essa situação se dá pela retração no consumo nesse período, o que inibe o endividamento, e pela persistência das taxas de desemprego, o que gera dificuldades para os consumidores honrarem pagamentos de dívidas contraídas anteriormente.
A pesquisa também apontou que 11,6% das famílias ludovicenses endividadas declararam que não terão condições de pagar suas dívidas neste mês e, portanto, deverão passar para a lista de inadimplentes. Neste mês de junho esse índice alcançou a maior marca desde outubro do ano passado, mostrando que a inadimplência ainda deve permanecer em ritmo de crescimento nos próximos meses.
“No Dia dos Namorados, considerada uma data comemorativa importante para o comércio, as pesquisas da Fecomércio já apontavam para uma retração no consumo. Isso se confirma com essa queda no endividamento nesse período, pois as pessoas deixaram de consumir e, obviamente, não contraíram novas dívidas. E a principal explicação para esse momento de pessimismo em relação ao consumo está ligada diretamente com o mercado de trabalho que ainda não se recuperou”, avalia o Superintendente da Fecomércio-MA, Max de Medeiros.
Em números absolutos, a pesquisa da Federação do Comércio do Maranhão estima que o número de endividados hoje em São Luís seja de 224.813 pessoas, enquanto 99.422 ludovicenses encontram-se na situação de inadimplência e 35.005 consumidores consideram que não terão condições de quitar totalmente os seus débitos neste mês.
Tipos de dívida
O peso das dívidas com cartão de crédito representa 79,2% do nível de endividamento atual das famílias de São Luís, seguido dos carnês (8,9%), empréstimo pessoal (6,0%), financiamento de carros (5,6%) e financiamento imobiliário (5,2%).
O tempo médio de atraso para o pagamento das dívidas está em 59,2 dias, contra 56,3 dias registrados no mês anterior. Entre aqueles endividados, 78,7% afirmam ter de 11% a 50% de sua renda mensal comprometida com o pagamento dessas dívidas. No entanto, o nível de comprometimento médio da renda com o pagamento das dívidas em São Luís é de 29,7% dos rendimentos das famílias. Já o tempo médio de comprometimento com essas dívidas é de 5,2 meses.
“Nos últimos meses nós vimos a inflação recuar e os juros começarem a indicarem uma trajetória de queda. Isso é bom para as famílias, pois eleva o poder de compra da população. No entanto, o mercado de trabalho precisa voltar a se expandir para as famílias recuperarem a renda e, assim, voltarem a consumir. Para isso, algumas reformas, como a Trabalhista, ainda precisam ser aprovadas no Congresso para desencadear uma onda de otimismo geral no empresariado, visualizando condições mais favoráveis ao investimento”, explica o Superintendente Max de Medeiros.
Saiba mais
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) orienta os empresários do comércio de bens, serviços e turismo que utilizam o crédito como ferramenta estratégica, uma vez que permite o acompanhamento do perfil de endividamento do consumidor, com informações sobre o nível de comprometimento da renda do consumidor com dívidas, contas e dívidas em atraso, e sua percepção em relação à capacidade de pagamento. A Peic é apurada mensalmente pela CNC desde janeiro de 2010 e os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.
Fonte: Ascom