A Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) revisou de 6,9% para 5,7% a previsão de retração no volume das vendas no varejo ampliado em 2020. A estimativa tem como base os dados positivos da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de julho, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A tendência de gradual reabertura da economia e a extensão, ainda que parcial, do auxílio emergencial deverão levar o comércio a fechar o ano com perdas menos acentuadas daqui para a frente”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros, ressaltando que “a velocidade de recuperação do setor dependerá da capacidade regenerativa do mercado de trabalho e do resgate no nível de confiança dos consumidores até o fim de 2020”.
De acordo com a PMC, o volume de vendas no varejo avançou 5,2%, em relação a junho. No conceito ampliado, o aumento foi ainda maior (+7,2%). Economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes destaca que, pela primeira vez desde o início da pandemia, houve crescimento na comparação com o mesmo mês de 2019 (+1,6% no conceito ampliado). “Com os resultados de julho, neste segundo conceito, que considera os volumes de vendas do comércio automotivo e das lojas de materiais de construção, o setor praticamente alcançou o nível de vendas observado no primeiro bimestre, portanto, antes da pandemia”, indica Bentes.
Os destaques entre os ramos de atividade ficaram por conta das lojas de vestuário, calçados e assessórios (+25,2%) e livrarias e papelarias (+26,1%). Entretanto, mesmo diante dessas altas, ambos os segmentos ainda apresentam volumes mensais de vendas 32,2% e 27,5% abaixo do período pré-pandemia, respectivamente. Por outro lado, segmentos impactados pelas mudanças de hábito de consumo por parte da população, desde março, e aqueles autorizados a funcionar ao longo da pandemia apresentam nível maior de faturamento em comparação com o verificado antes do surto da covid-19: lojas de utilidades domésticas (+0,7%), hiper, super e minimercados (+9,7%), materiais de construção (+14,6%) e lojas de móveis e eletrodomésticos (+17,9%).
Prejuízos seguem diminuindo
De acordo com cálculos da CNC, entre o início da pandemia do novo coronavírus, em março, e agosto, os prejuízos do comércio com a crise alcançaram R$ 316,2 bilhões – o equivalente a mais de um mês e meio em vendas. Porém, desde o pico, em abril (R$ 77,4 bilhões), o setor tem apresentado perdas menos intensas. Os prejuízos de agosto, por exemplo, somam R$ 29,8 bilhões – mais de R$ 15 bilhões a menos do que o volume registrado em julho (R$ 45,6 bilhões). Fatores como a menor adesão espontânea ao isolamento social e a intensificação de ações de venda via e-commerce ajudam a explicar a evolução verificada a partir de maio. Segundo Fabio Bentes, a quantidade de pedidos no varejo eletrônico mais que dobrou entre os meses de março e julho (+108%). “O faturamento real do comércio eletrônico avançou 41,4%, em termos reais, quando comparado ao mesmo período do ano passado”, ressalta o economista da Confederação.
Fonte: CNC